domingo, 18 de março de 2012

Todo mundo é irlandês no Dia de São Patrício


Por Michel e Sandrini

Patrício nasceu em uma modesta vila celta, de onde foi sequestrado por piratas para ser vendido como escravo, condição em que permaneceu por quase uma década, até conseguir fugir e partir para o mosteiro de Ésir, na Gália (atual França). Um dia, ele resolveu voltar para a Irlanda com a missão de converter os irlandeses. Por volta do ano 461, chegou ao país com uma diplomacia incrível e, vale citar, talento para magia, porque há diversas lendas envolvendo duelos (sempre bem sucedidos) com grandes druidas etc etc. Como prova de seu sucesso, em trinta anos, segundo a Igreja Católica, São Patrício teria fundado 365 igrejas, sagrado o mesmo número de bispos e ordenado 3.000 prebísteros, fazendo a Irlanda ser conhecida como a “Ilha dos Mosteiros” ou “Ilha dos Santos”.











Depois da versão psicodélica oficial, podemos analisar com um pouco mais de ceticismo os fatos.
Pra começar, Patrício seguia uma doutrina que pouco tinha a ver com a defendida pelo clero católico. Para citar somente um dentre vários exemplos, ele batizava somente crentes que fossem adultos e tivessem consciência do que estavam fazendo, e mesmo assim, contrário ao que fazia a Igreja Católica, os batizava por imersão. As tais igrejas fundadas por Patrício na Irlanda, então, fogem totalmente do que a Igreja Católica estipula em diversos aspectos, o que gerou uma confusão fenomenal anos mais tarde, como vocês podem imaginar. Muitos dizem que Patrício foi o responsável por um “cristianismo céltico”, pois o Cristianismo que ele inseria na ilha era muito misturado com o Druidismo, espiritualidade local. A Irlanda era predominantemente pagã.

A tradição folclórica atribui diversos milagres a Patrício, sendo o mais famoso deles a expulsão de todas as serpentes da Irlanda (imagem ao lado). Muitos interpretam que esta é uma metáfora para a expulsão dos druidas, representados pela serpente - animal que, na tradição judaico-cristã, está associada ao mal (ainda que em outras culturas a serpente simbolize sabedoria, regeneração e renascimento).
De fato, jamais existiram espécies nativas de serpentes irlandesas - nem depois, nem antes de Patrício (como já observara séculos antes o geógrafo romano Solinus).
Noutra passagem, ele entra em confronto direto com um grande druida de nome Lochru. Em seu embate, o Santo ergue Lochru no ar a grande altura, fazendo-o cair em seguida sobre rochas pontiagudas e tirando-lhe, assim, a vida - uma passagem que seguramente ecoa outro confronto da mitologia cristã, entre o apóstolo Pedro e Simão Mago.
Eu acredito que São Patrício, assim como Santa Brígida, foi cristianizado pela sua popularidade, mas que no fundo, no fundo, era um tremendo bruxo.

Se estudar sua história, verá que seus milagres eram poderosas magias.
Assim, se você deseja curtir o dia de Saint Patrick, vista orgulhosamente uma camisa verde, vá ao pub irlandês mais próximo, peça uma Guinness (ou uma cerveja verde, ou um whiskey, ou...), erga seu copo bem alto e grite, com toda força: “SLÁINTE!” (saúde, em irlandês...)
Até a próxima!! SLÁINTE!




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